PaRtIdA

Ás vezes corremos depressa de mais.
Enviamos sms a amiga, ao amigo, ao colega de trabalho. Enviamos e-mails a todos e ainda a mais alguém.
Fazemos esforços surreais para estar presentes em aniversários, jantares, e surpresas deste e daquele.
Ate somos capazes de percorrer quilómetros sem olhar ás portagens ou ao gasóleo que gastamos, sem fazer contas..... fechamos os olhos e pimbas... movidos por "isto é que é importante", "sinto-me bem em fazer isto", "esta pessoa merece mesmo, merece tudo..." e as vezes.... os mesmos esforços não são feitos para as pessoas que estão mais perto de nós... se calhar por estarem tão perto... esquecemos-nos deles com mais facilidade e temos sempre desculpas, "não pude mesmo ir" porque tinha mesmo que fazer A, B ou C.


Esses que estão perto... são muitas vezes a nossa Família.


Vê-los partir, faz-nos pensar em tudo o que nos disseram durante a vida, os conselhos, as risadas, as malandrices.


O meu avô é a pessoa mais disposta que alguma vez conheci e sinto-me aliviada por ter-lhe dito que gostava muito dele ... e só consigo rir-me com o que ele sempre me respondia: "Tu devias era gostar muito.. de um chouriço bem curado".


Na sua inocência ele ensinou-me que os prazeres da vida resumem-se a um bom tacho, um bom copo de vinho e uma boa companhia.


Nunca as palavras chegam para explicar o que quer que seja... só conheci 1 par de avós... e por serem únicos e especiais fazem-me muita falta.


Ao contrario de muitos senhores conservadores... para o meu avô a vida era bem simples... e o segredo era rir ... rir muito .... e aceitar as coisas com naturalidade, ser paciente, beber e "não deixar a ferramenta adormecer" [dizia ele]....
Parte da lição ainda não aprendi, mas Deus queira que eu chegue aos 82 anos e possa dizer que a aprendi.


Descanse... e encontre-se com quem realmente já o esperava a muito tempo...
Fica um beijo e um até sempre... fico com o seu sorriso e com a sua vontade de viver sempre a cada dia...*